Em 1930
Getúlio Vargas assume o poder e põe fim à supremacia
paulista
na
política nacional, além de suspender a Constituição de
1891 e nomear
interventores para todos os Estados, com a exceção de
Minas Gerais.
Sem o poder político e enfrentando grave
crise
econômica devido à
Grande Depressão de 1929, que derrubara os preços do
café, a
oligarquia paulista logo entra em conflito com Getúlio Vargas, que
nomeia para São Paulo como interventor o
coronel
João Alberto de Barros, tido pelas oligarquias como "forasteiro e
plebeu"
Causas
Em 1932 a irritação das oligarquias paulistas com Vargas não cede sequer
com a nomeação de um paulista,
Pedro de Toledo, como interventor do Estado e começa-se a tramar um
movimento armado visando à derrubada de Vargas, sob a bandeira da
proclamação de uma nova
Constituição para o
Brasil.
Em 9
de julho de 1932 a rebelião rebenta com os paulistas acreditando possuir
o apoio de outros Estados, notadamente Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e
Mato
Grosso, na derrubada de Getúlio Vargas.
O Movimento Armado
Os planos paulistas previam um rápido e fulminante movimento em direção
ao
Rio de Janeiro pelo
Vale do Paraíba, com a retaguarda assegurada pelo apoio que seria dado
pelos outros estados.
Porém com a traição dos outros estados o plano imaginado por São Paulo
não se concretizou: Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram compelidos por
Vargas a se manterem ao seu lado e a publicidade de pretensão separatista do
movimento levou São Paulo a se ver sozinho, com o apoio de apenas algumas
tropas
mato-grossenses, contra o restante do Brasil.
Principal acesso para o Rio de Janeiro, o vale do
Rio Paraíba do Sul era visto pelos paulistas como teatro principal da
guerra.
A estratégia paulista previa a conquista da cidade
fluminense de
Resende, e apoiado por tropas
mineiras, a marcha em direção à cidade do
Rio de Janeiro. Entretando, com a falta de apoio de Minas Gerais, as
tropas paulistas demoraram a se mover em direção a Resende e logo se viram
defendendo o território paulista das tropas federais.
Os combates mais importantes se deram na região do Túnel da Mantiqueira
que divide São Paulo de Minas Gerais e que era considerado um ponto militar
estratégico de grande importância.
O terreno acidentado do vale do Paraíba e a existência de diversas
cidades levaram a um combate encarniçado entre as tropas, porém a
superioridade de tropas e armamentos das forças de Vargas logo levaram à
ocupação de diversas cidades paulistas do vale do Paraíba, como
Lorena e
Cruzeiro e o recuo das tropas paulistas em direção à
capital.
Leste Paulista
Tropas paulistas penetraram no sul de Minas Gerais, atingindo a cidade de
Pouso Alegre em
julho /
agosto de
1932, porém foram repelidas pelas forças federais em direção de
Campinas
e, após
setembro de 1932, cidades paulistas próximas a divisa com Minas Gerais
foram ocupadas pelas tropas fiéis a Vargas.
No alto da
Serra da Mantiqueira, num local conhecido com
Garganta do Embaú, ocorreram combates violentos com intuito de dominar
aquele ponto estratégico bem como o túnel da estrada férrea o que permitiria
o controle do acesso ao sul de Minas por ferrovia. Os paulistas invadiram a
cidade mineira de
Passa-Quatro que foi posteriormente libertada por tropas do general
Euclides Figueiredo.
Sul Paulista
Principal teatro de operações das tropas federais, era o setor mais
desguardado do estado de São Paulo, pela crença do apoio que viria do Rio
Grande do Sul.
Tropas do sul se posicionaram na divisa de São Paulo e
Paraná,
próximos a cidade de
Itararé.
Esta, por um grave erro logístico das tropas paulistas, não foi defendida,
tendo estas se retirado para o
Rio Paranapanema, abrindo quase 150 quilômetros de território paulista
para os federais.
Como nas demais frentes, tropas federais, em maior número e mais bem
equipadas, ocupam cidades paulistas, com o agravante destas estarem situadas
mais ao interior do estado do que nas outras frentes.
Fim do conflito
Em meados de setembro, as condições de São Paulo eram precárias. O
interior do Estado era invadido paulatinamente pelas tropas de Vargas e a
capital paulista era ameaçada de ocupação. A economia de São Paulo,
asfixiada pelo bloqueio do porto de
Santos,
sobrevivia de contribuições em
ouro feitas por
seus cidadãos e as tropas paulistas desertavam em números cada vez maiores.
Vendo que a derrota e ocupação do Estado era questão de tempo, as tropas
da
Força Pública Paulista são as primeiras a se render, no final de
setembro. Com o colapso da defesa paulista, a liderança revolucionista se
rende em
2
de outubro de 1932 na cidade de Cruzeiro para as forças chefiadas por
Góis de Monteiro.
Conseqüências
Terminado o conflito, a liderança paulista se refugia no exílio, enquanto
os paulistas computam oficialmente 634 mortos, embora estimativas
extraoficiais falem em mais de 1000 mortos paulistas. Do lado federal, nunca
foram liberadas estimativas de mortos e feridos. Foi o maior conflito
militar da história brasileira no
século
XX.
A derrota militar acachapante entretanto se transforma em vitória
política.
Ao ver seu governo em risco, Getúlio Vargas dá início ao processo de
reconstitucionalização do país, levando à promulgação em
1934 de uma
nova constituição.
Para os paulistas, a Revolução de 1932 transformou-se em símbolo máximo
do Estado, a exemplo da
Guerra dos Farrapos para os
gaúchos.
Lembrada por feriado no dia
9 de
julho, a revolução é mais fortemente comemorada na cidade de São Paulo
do que no interior do Estado, onde a destruição e mortes provocadas pela
rebelião são ainda recordadas.
No restante do país, o movimento é mais lembrado pela versão imposta
pelos vitoriosos, a de uma rebelião conservadora, visando a reconduzir as
oligarquias paulistas ao poder e de velado caráter separatista.